COMO SERIA O PLANETA COM APENAS MIL PESSOAS? Veja
05/06/2023Destruição Final, 2012, Contágio e O Dia Depois de Amanhã são apenas alguns filmes que abordam a famosa temática de catástrofe e fim do mundo, muito popular no final da década de 1990. Esses filmes lançaram para a sociedade inúmeros cenários em que nos fez pensar: e se isso acontecesse? E se o mundo fosse devastado amanhã por uma pandemia mortal que destruísse a economia e matasse bilhares de pessoas em poucas semanas?
As distopias tiveram o cuidado de prospectar isso em seus roteiros pós-apocalípticos de como a sociedade se reorganizaria, até mesmo cientistas tomaram a iniciativa de imaginar essa possibilidade em dados. Atualmente, o planeta sustenta a incrível marca de 8 bilhões de habitantes, mas como seria a Terra com apenas mil pessoas? E se essas pessoas conseguissem se concentrar no mesmo local, como seria essa nova sociedade?
Uma realidade difícil
(Fonte: Reddit/Reprodução)
Os dados do Programa Alimentar Mundial estimam que cerca de 828 milhões de pessoas não têm certeza de onde virá sua próxima refeição, e em um mundo com apenas mil pessoas, a grande preocupação seria de onde obter comida, uma vez que toda a indústria que conhecemos deixaria de existir.
Vale ressaltar, no entanto, que esse é um medo antigo. Um levantamento do Banco Mundial mostrou que o número de agricultores em todo o mundo caiu de 44% da população mundial em 1991 para 27% em 2019, porque os jovens rejeitaram a agricultura como meio de subsistência, por se tratar de um trabalho árduo para pouca recompensa financeira e estrutura de futuro — e isso contribui para a insegurança alimentar pelo mundo. Nos Estados Unidos, apenas 2% da população são agricultores e pecuaristas que produzem alimentos, o que significa que a humanidade de 8 bilhões não vai morrer de fome, mas o mesmo não seria para um mundo com mil pessoas.
(Fonte: Signs of the Times/Reprodução)
Nesse cenário, apenas cerca de 270 pessoas seriam agricultoras, seguindo a lógica. Com poucas sabendo como usar o equipamento agrícola e aplicar os fundamentos para o cultivo de alimentos, a produtividade entraria em colapso facilmente, e a criação de novos métodos seria quase impossível.
Essa questão acompanha a escassez de caçadores-coletores. O Proceedings of the National Academy of Science publicou em 2018 um artigo em que foi estudado populações de caçadores-coletores e concluiu que existem cerca de 10 milhões de pessoas que desempenham a função. Isso equivale a 0,125% da população mundial atual. Quando essa porcentagem é aplicada a uma população de mil pessoas, há uma boa chance de que ninguém tenha antecedentes ou habilidades para desempenhar a função, ou é provável que apenas um indivíduo consiga, adicionando mais uma pedra nas chances de colocar toda a população em risco.
O funil
(Fonte: IMDb/Reprodução)
Há cerca de 1,6 médicos para cada mil pessoas no mundo, portanto, significa que nessa sociedade pequena haveria apenas um médico, que provavelmente seria um clínico geral em vez de um especialista — o que já seria muito útil.
Com base nos dados demográficos mundiais coletados pelas Nações Unidas, a média de idade dos humanos em todo o mundo é de 30 anos, o que significa que esse médico seria tão novo quanto os demais 999 sobreviventes nesse mundo pós-apocalíptico nos moldes de The 100 da autora Kass Morgan. Em 2021, 22,% da população mundial tinha entre 0 e 4 anos, o equivalente a 222 pessoas em um mundo em que há apenas mil. Esta sociedade jovem se tornaria mais evidente uma vez que mais da metade da população mundial se encontra na casa dos 0 aos 19 anos (52,8%), em tradução significa 528 pessoas.
Nadar já se provou uma característica para sobrevivência, porém, infelizmente, em um mundo com apenas mil pessoas, a maioria não saberia nadar. A Gallup efetuou uma pesquisa de risco mundial da Lloyd’s Register Foundation em que descobriu que 55% dos humanos com 15 anos ou mais não sabem nadar com eficácia. Considerando que a maioria da nossa população pós-apocalíptica seria composta por jovens, as estatísticas falam por si só.
(Fonte: YouGov/Reprodução)
Em meio a tudo isso, o verdadeiro problema, no entanto, estaria no gargalo genético ao qual essas mil pessoas poderiam levar a humanidade. É difícil imaginar qual seria a composição étnica dessa pequena sociedade, porque as pessoas podem pertencer a vários grupos, mas o Statista fornece uma divisão por continente da população mundial, colocando 59% na Ásia e quase 18% na África. Isso significa que, no mundo hipotético de mil pessoas, 590 seriam da Ásia, 180 da África, apenas 47 da América do Norte e 93 da Europa.
A princípio, essa diversidade seria interessante, pois os sobreviventes iniciais teriam filhos, mas, a longo prazo, haveria relações incestuosas como o único meio de continuar reproduzindo. Essa diversidade genética diminuiria e a população se tornaria suscetível a doenças, tendo mais dificuldade em se adaptar – e isso poderia significar o fim da sociedade por meio de alguma pestilência ou de doenças genéticas.