
Teorias conspiratórias associam novo papa ao Apocalipse 13; pastor rebate
10/05/2025
A nomeação do americano Robert Francis Prevost como Papa Leão XIV reacendeu interpretações distorcidas de passagens bíblicas nas redes sociais. Usuários voltaram a apontar o capítulo 13 do Apocalipse como uma suposta “profecia” do fim dos tempos, citando analogias simbólicas e numerológicas ligadas ao novo pontífice. Para estudiosos da teologia, no entanto, tais associações não passam de deturpações perigosas.
(Foto: Reprodução/Vatican News)
O que diz Apocalipse 13?
O capítulo 13 do último livro da Bíblia, escrito por João, apresenta duas figuras simbólicas conhecidas como “as bestas”. Uma delas surge do mar e outra da terra, representando, de acordo com algumas interpretações teológicas, os poderes político e religioso, respectivamente. O texto é repleto de imagens fortes e numerologia simbólica, como o número 666.
O vínculo feito com o novo papa
Após a escolha de Leão XIV, usuários das redes sociais passaram a conectar trechos do capítulo ao novo líder da Igreja Católica. Entre os argumentos usados, estão:
- O nome “Leão”, que remete a uma das descrições da besta da terra;
- O número romano XIV (14), que sucede o capítulo 13;
- O fato de o pontífice ser americano, vindo do país considerado mais influente do planeta.
Esses elementos alimentaram postagens que tentam associar a nomeação ao início do fim dos tempos.
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Pastor critica interpretações deturpadas
Para o pastor e teólogo Kenner Terra, especialista em Apocalipse e professor na Fiurj, essas teorias não têm base bíblica sólida. Ele esclarece que o texto original era uma crítica velada ao Império Romano, especialmente ao imperador Nero, e que sua linguagem simbólica foi moldada pelas referências culturais da época:
“Toda teoria da conspiração conecta de forma aparentemente óbvia imagens completamente desconexas. Isso é perigoso e alienador”, afirma.
Papa como “anticristo”: uma ideia antiga
Segundo Terra, associar papas ao anticristo não é novidade. Essa visão remonta à Reforma Protestante e reaparece em momentos de tensão religiosa ou política. O número 666, citado no fim do capítulo 13, é frequentemente ligado a essas teorias, ainda que seu significado original esteja relacionado a uma crítica codificada a líderes romanos, e não a figuras religiosas contemporâneas.
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