“Peixe alienígena” no Brasil? Criaturas são encontradas no oceano profundo
02/05/2023Equipes de pesquisadores de três universidades federais brasileiras (UFRPE, UFPE e UFRJ) encontraram espécies bizarras de peixes nas profundezas dos mares brasileiros. As criaturas de aparência alienígena habitam a chamada ‘zona mesopelágica’, que se estende de 200 a 1.000 metros abaixo da superfície da água.
No total, os cientistas encontraram 200 espécies de peixes, das quais oito eram desconhecidas e outras 50 nunca haviam sido vistas em águas brasileiras. Segundo estudo publicado pelos pesquisadores, eles são essenciais para os ecossistemas aos quais pertencem, desempenhando papéis como o sequestro de carbono, que consiste na remoção do dióxido de carbono da atmosfera, que contribui para a manutenção do clima da Terra.
“Os ecossistemas marinhos são críticos para a sobrevivência de milhares de espécies, incluindo os humanos. No entanto, eles são afetados de várias maneiras. Por exemplo: mudança climática, poluição e destruição de habitat, etc. Eles precisam ser protegidos. Mas não é possível proteger o que não conhecemos. Portanto, o trabalho publicado recentemente é importante porque aumenta o conhecimento em um dos maiores e menos conhecidos ecossistemas do mundo, possibilitando iniciativas de conservação e desenvolvimento sustentável”, afirma Leandro Nolé, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em uma entrevista. para Ecoa Uol .
peixes mesopelágicos
Os peixes que habitam a zona mesopelágica são conhecidos por viver nas profundezas oceânicas durante o dia e realizar migrações diárias para a superfície durante a noite. Além disso, estão entre os vertebrados mais abundantes do mundo.
Eles são capazes de sobreviver às condições inóspitas do fundo do mar graças a algumas adaptações especiais, como a bioluminescência (capacidade de produzir sua própria luz), sistemas visuais avançados que permitem enxergar no escuro, além de um baixo metabolismo e alta tolerância a mudanças no ambiente. . Suas aparições bizarras nada mais são do que um reflexo dessas adaptações.
A jornada vertical que esses peixes fazem diariamente envolve trilhões de indivíduos e é a maior migração do planeta. Durante o dia, esses animais ficam nas profundezas para se esconder de possíveis predadores, enquanto à noite sobem em busca de comida.
Uma das espécies encontradas por cientistas que reflete as adaptações físicas necessárias para sobreviver nas profundezas | Crédito: UFRPE.
“A frase ‘melhor com fome do que morto’ resume muito bem por que tantos animais se submetem a esse gigantesco jogo de esconde-esconde. Alimentando-se à noite e escondendo-se durante o dia, a migração permite que eles equilibrem a necessidade de comer com a necessidade de evitar serem comidos”, explica Nolé.
Esta migração é responsável pelo já referido sequestro de carbono, uma vez que, ao regressarem às águas profundas, estes peixes transportam consigo o carbono que assimilaram à superfície, que pode ficar retido no fundo do mar durante milhares de anos, impedindo-o de subir para a atmosfera e contribuir para a mudança climática .