
“Minha vida já acabou” Bolsonaro chora ao… Ver mais
09/09/2025
Desde o dia 4 de agosto, Jair Bolsonaro vive sob prisão domiciliar e vigilância constante. Longe dos palanques e das multidões que marcaram sua trajetória política, o ex-presidente atravessa um dos momentos mais delicados da vida pública e pessoal. Na última semana, recebeu em sua residência o vice-prefeito de São Paulo, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), que relatou em detalhes uma conversa de quatro horas marcada por lembranças, desabafos e emoção.
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Segundo Mello Araújo, o encontro foi pensado para oferecer apoio moral. O coronel, que tem experiência em lidar com policiais detidos após operações controversas, explicou que conhece de perto o impacto psicológico da privação de liberdade. “Quando fui visitá-lo, foi para animá-lo.
Cheguei, abracei e ficamos das 14h às 18h conversando”, contou.
Durante a longa conversa, Bolsonaro relembrou passagens de sua trajetória: a juventude no Exército, os primeiros passos na política, os desafios no Congresso e, por fim, a chegada ao Palácio do Planalto. Mas, em meio às memórias, deixou escapar um desabafo que preocupou aliados: “Estou com 70 anos, a minha vida já acabou”.
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A declaração, carregada de emoção, foi imediatamente rebatida pelo vice-prefeito. “Eu disse que não, que ele ainda está no jogo. Falei que ele vai virar filme de Hollywood, com final feliz. Deus vai intervir, algum fato novo vai mudar tudo isso”, relatou. Para Mello Araújo, o momento exige que o ex-presidente mantenha a fé e encontre motivação para superar as dificuldades.
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O coronel chegou a sugerir exercícios físicos como forma de aliviar a pressão emocional. Elaborou até um treino para ser feito em casa, na esteira. Bolsonaro, no entanto, não demonstrou disposição imediata. “Ele disse que não dava, mas que faria depois”, contou Araújo, que saiu do encontro convencido de que a prioridade do ex-presidente agora é recuperar a saúde e reorganizar pensamentos.
Um ambiente de incertezas
O encontro aconteceu em meio a um ambiente político conturbado. Bolsonaro é acusado de tentar um golpe de Estado, processo que deve ser avaliado pelo Supremo Tribunal Federal nos próximos meses. Enquanto isso, setores da direita já discutem os rumos da sucessão de 2026, cenário que, segundo Mello Araújo, pouco interessa ao ex-presidente neste momento.
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“Ele não está pensando em eleição. Por isso acho uma injustiça esse movimento de já disputar o espólio eleitoral dele. Estão enterrando ele vivo”, disse o vice-prefeito. Para Araújo, existe um contraste gritante entre a situação de Bolsonaro e a liberdade de outros nomes envolvidos em crimes graves: “Fico indignado de ver tanto bandido solto — traficante, homicida, ladrão — e Bolsonaro preso”.
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Emoção e resiliência
A narrativa de Mello Araújo sobre a visita humaniza um personagem que, por anos, se manteve no centro das maiores disputas políticas do país. Longe do tom inflamado de palanques e entrevistas, Bolsonaro aparece fragilizado, emocionado, mas ainda cercado de apoiadores dispostos a mantê-lo em evidência.
Para o coronel, a história de Bolsonaro ainda está longe de um capítulo final. “Ele já sobreviveu a uma facada, a um acidente em salto de paraquedas e a tantas batalhas políticas. Essa é mais uma que ele vai superar”, afirmou.
O encontro, que começou como uma visita de apoio, acabou se tornando um retrato íntimo de um ex-presidente em conflito consigo mesmo e com o destino que se desenha nos tribunais.