Este fenômeno geológico pode extinguir a raça humana e tornar a Terra inabitável, alerta a Universidade de Bristol
07/01/2025Um estudo publicado na revista Nature Geoscience revela a possível formação de um novo supercontinente que pode transformar drasticamente a habitabilidade da Terra. Pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, desenvolveram um modelo climático avançado para analisar o impacto ambiental dessa gigantesca transformação geológica.
A pesquisa concentra-se na formação de Pangeia Última, um futuro supercontinente que surgiria da fusão de todas as massas terrestres atuais, como resultado do movimento das placas tectônicas. Esse processo geológico seria semelhante à antiga história da Terra, quando todos os continentes estavam unidos em uma única massa de terra chamada Pangeia.
O modelo climático prevê condições extremamente desafiadoras para a vida nesse futuro supercontinente. De acordo com os cálculos da equipe de pesquisa, as temperaturas variariam entre 40°C e 50°C, com extremos diários ainda maiores. A combinação de calor extremo e altos níveis de umidade criaria condições particularmente hostis para mamíferos, incluindo os seres humanos, cuja sobrevivência depende da capacidade de regular a temperatura corporal através do suor.
Alexander Farnsworth, principal autor do estudo e pesquisador da Universidade de Bristol, explicou: “Temperaturas entre 40°C e 50°C e extremos diários ainda maiores, agravados por altos níveis de umidade, selariam nosso destino. Os humanos – junto com muitas outras espécies – morreriam devido à incapacidade de liberar esse calor através do suor para resfriar seus corpos.”
A pesquisa também indica que a atividade vulcânica aumentaria significativamente durante a formação de Pangeia Última, liberando mais dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Esse processo geológico, combinado com um Sol mais brilhante que emitiria mais energia, geraria um efeito composto de aquecimento no planeta. O estudo sugere que apenas entre 8% e 16% da área terrestre do supercontinente permaneceria habitável para mamíferos nessas condições.
Benjamin Mills, professor da Universidade de Leeds e coautor do estudo, destacou que os níveis de CO2 na atmosfera poderiam dobrar em relação aos valores atuais, assumindo que a humanidade interrompesse imediatamente o uso de combustíveis fósseis. “Caso contrário, veremos esses números muito, muito antes”, explicou Mills.
O cronograma para essas mudanças se estende por cerca de 250 milhões de anos no futuro, com o processo começando próximo ao equador. Embora esse período pareça distante, a pesquisadora Eunice Lo, da Universidade de Bristol, enfatizou a relevância atual: “Embora prevemos um planeta inabitável em 250 milhões de anos, já estamos experimentando calor extremo que é prejudicial à saúde humana. Por isso, é crucial alcançar emissões líquidas zero o mais rápido possível.”
A equipe de pesquisa reconhece as grandes incertezas em fazer previsões para um futuro tão distante. No entanto, seu modelo climático representa a tentativa mais abrangente até o momento de entender as condições ambientais que prevaleceriam em Pangeia Última. O estudo oferece insights valiosos sobre a relação entre a configuração dos continentes, a composição atmosférica e a habitabilidade do planeta.