Conheça o cofre oculto do “Juízo final” projetado para salvar vidas
13/10/2024Na caixa-forte de sementes mais importante do mundo, uma espécie de arca de Noé botânica, o maior carregamento já feito de uma única vez conta também com sementes brasileiras.
Criado para armazenar cópias de segurança de milhares de tipos de alimentos, o Svalbard Global Seed Vault, construído em território ártico da Noruega, recebe 3.438 variedades de sementes coletadas no Brasil em 2020.
A coleção reúne sementes recolhidas ao longo dos últimos 50 anos por agricultores brasileiros, embaladas em pacotes especiais e distribuídas em 11 caixas.
São variedades de arroz, milho, pimenta, cebola, abóbora, pepino, melão e melancia acondicionadas para resistir ao tempo e manter por séculos a capacidade de germinar.
“É um patrimônio do nosso povo”, comenta a bióloga Rosa Lia Barbieri, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O órgão está na lista das 36 organizações que fazem parte desse novo depósito de amostras na Noruega.
“São sementes tradicionais cultivadas por agricultores e coletadas ao longo das últimas décadas. Algumas delas não são mais cultivadas, mas foram há 50 anos, por exemplo, e temos tudo isso guardado no nosso banco”, afirma a bióloga.
Numa das ilhas do remoto arquipélago de Svalbard, que dá nome ao banco de sementes, Barbieri acompanha a entrega. “Os bancos funcionam como uma estratégia para segurança alimentar e até segurança nacional”, diz.
Em caso de catástrofes que arrasem plantações ou de doenças novas, a variação genética guardada pode ser usada como fonte na busca por alternativas, pontua a pesquisadora sobre a relevância do trabalho.
Fundado em 2008, o Svalbard Global Seed Vault foi pensado para armazenar o maior número
Com a nova remessa e um reforço técnico recente em suas estruturas, o banco global de Svalbard ultrapassa a marca de um milhão de variedades guardadas.
Para os administradores, o número recorde de contribuições recebidas em 2020 reflete duas grandes preocupações: temores sobre o impacto das mudanças climáticas no cultivo de alimentos e a perda da biodiversidade.
“Ter uma diversidade e fontes genéticas de plantas à disposição para pesquisa e melhoramento genético é essencial para o desenvolvimento de novas variedades que serão necessárias para o abastecimento futuro de alimentos num clima que está mudando”, detalha à DW Brasil Åsmund Asdal, coordenador do Svalbard Global Seed Vault.