Cientistas emitem alerta sobre fungo mortal que ‘devora você de dentro para fora’ e que pode afetar milhões

Cientistas emitem alerta sobre fungo mortal que ‘devora você de dentro para fora’ e que pode afetar milhões

19/06/2025 0 Por jk.alien

Respire fundo. Agora, pense nisso: junto com o ar, você pode estar inalando um perigo microscópico, porém crescente. Cientistas soam o alarme sobre um grupo de fungos do gênero Aspergillus, capaz de causar infecções devastadoras e mortais, que está se espalhando a uma velocidade preocupante pelo planeta. E a mudança climática é um motor crucial desse avanço.

Esses fungos são mestres da invisibilidade. Seus esporos, partículas minúsculas e leves, flutuam constantemente no ar que respiramos. É praticamente impossível evitá-los. O problema surge quando essas partículas encontram um ambiente propício dentro do corpo humano, especialmente nos pulmões, causando uma doença chamada aspergilose. Para pessoas com o sistema imunológico comprometido, essa infecção pode se tornar uma ameaça séria à vida.

Como funciona esse ataque? Uma vez inalados, os esporos podem encontrar terreno fértil em pulmões vulneráveis. O fungo então começa a crescer. Ele se infiltra nos tecidos, colonizando áreas e causando danos extensos internamente. É um processo invasivo onde o fungo literalmente se instala e se espalha dentro do organismo, consumindo tecido. Profissionais de saúde usam termos diretos para descrever essa ação destrutiva.

Quem está mais exposto? Indivíduos com defesas naturais enfraquecidas enfrentam o maior perigo. Isso inclui pessoas em tratamento contra o câncer, pacientes com HIV/AIDS, portadores de doenças pulmonares como asma grave, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) ou fibrose cística, e aqueles que passaram por transplantes de órgãos e precisam de medicamentos para evitar rejeição. Para esses grupos, uma simples inalação pode desencadear uma batalha interna perigosa.Fungos Aspergillus também podem crescer em poeira doméstica, solo e alimentos vencidos

Fungos Aspergillus também podem crescer em poeira doméstica, solo e alimentos vencidos

Por que o problema está crescendo agora? A resposta está no clima. Os fungos do tipo Aspergillus adoram calor e umidade. Conforme as temperaturas globais sobem e os padrões de chuva mudam, criam-se habitats cada vez mais favoráveis para eles prosperarem e liberarem mais esporos.

Uma pesquisa recente da Universidade de Manchester, no Reino Unido, mapeou esse avanço. Os resultados são claros: o risco de infecção está aumentando e deve se espalhar para novas regiões nas próximas décadas.

Os números projetados impressionam. Uma variedade, o Aspergillus fumigatus, pode ter sua área de influência ampliada em até 77,5% até 2040. Isso colocaria cerca de nove milhões de pessoas a mais em risco só na Europa. Outro tipo, o Aspergillus flavus, pode ver sua distribuição crescer cerca de 16%, ameaçando populações nos Estados Unidos, na Europa e além. Esses cálculos indicam que centenas de milhares de vidas podem estar em perigo nas próximas décadas.

Onde o risco já é palpável? Nos Estados Unidos, estados com climas tradicionalmente quentes e úmidos, como Flórida, Geórgia, Louisiana e Texas, já reportam a presença significativa do fungo. A Califórnia, com sua atividade agrícola intensa e condições que favorecem a umidade, apresenta atualmente a maior exposição. Grandes centros urbanos, como Nova York e Los Angeles, também preocupam. Suas populações densas e infraestruturas mais antigas podem criar bolsões de vulnerabilidade.

O desafio global é enorme. Um estudo publicado na revista The Lancet no ano passado já estimava que infecções fúngicas causam aproximadamente 2,5 milhões de mortes anualmente em todo o mundo. Especialistas alertam que esse número pode ser subestimado, pois o diagnóstico de infecções fúngicas é complexo e a vigilância é falha em muitas regiões. Os fungos são organismos incrivelmente adaptáveis, capazes de resistir a medicamentos e colonizar novos territórios conforme o ambiente muda.

O que fazer diante dessa ameaça crescente? A conscientização é o primeiro passo. Pessoas com sistemas imunológicos debilitados devem tomar precauções extras. Recomenda-se evitar o contato direto com solo, atividades de jardinagem e ambientes com mofo visível.

Em locais poeirentos ou de construção, onde esporos de fungos podem se concentrar, o uso de máscaras de proteção respiratória adequada (como as máscaras N95/PFF2) é aconselhado. Pesquisadores enfatizam a necessidade urgente de mais estudos e investimentos para entender melhor esses patógenos, desenvolver novos tratamentos e estratégias de controle eficazes. A adaptação dos fungos ao novo clima não para, e a resposta humana precisa acelerar.