PL convoca reunião de emergência para ‘enquadrar’ Michelle
03/12/2025
Bastaram dez dias da prisão de Jair Bolsonaro (PL) na superintendência da PF (Polícia Federal) em Brasília para que as divergências da família viessem a público, evidenciando a disputa pelo protagonismo político no clã.
De um lado, os filhos do ex-presidente reivindicando o espólio do pai. Do outro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, delimitando o seu espaço.
No meio, o PL, comandado por Valdemar Costa Neto, que tenta se blindar do quiproquó familiar dizendo que Bolsonaro, mesmo preso, segue dando as ordens no partido.
A questão é que a sigla escolheu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como o porta-voz das determinações que o ex-presidente enviar da prisão.
A crise no clã escalou com a declaração de Michelle, no fim de semana, com críticas à aproximação do PL com o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) no Ceará.
A ex-primeira-dama foi desautorizada pelo senador Flávio, pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ).
Na reunião marcada para a tarde desta terça-feira (2), a cúpula do PL, incluindo Valdemar e o senador Rogério Marinho (PL-RN), deve ser direta ao enquadrar Michelle para seguir as definições do partido e ao empoderar o filho mais velho do ex-presidente no partido.
À CNN, aliados de Bolsonaro chegam a citar trechos bíblicos sobre a importância do primogênito como argumento para que Flávio assuma a liderança familiar. Michelle é evangélica.
Todavia, são as razões políticas que fazem o senador se sobressair na disputa familiar, argumentam integrantes do PL.
Flávio é visto como o mais habilidoso na articulação e quem construiu uma relação de confiança com o pai nesse campo.
O “Zero Um”, por exemplo, foi coordenador da campanha presidencial de 2022 e vem buscando uma estratégia para a disputa de 2026. Às vezes dialogando com o Centrão, outras se colocando pessoalmente como opção para enfrentar Lula na corrida pelo Planalto.
Por sua vez, Michelle, embora considerada um ativo com mulheres e evangélicos, costuma ser criticada por membros do PL por ter atuação isolada dentro da sigla e pouca disposição para diálogo.
Sob reserva, aliados do ex-presidente afirmam que essa postura a impede de ser vista como opção viável para compor uma chapa da direita na disputa presidencial.

