
Sem respaldo de Trump, Bolsonaro entra em desespero e culpa o filho Eduardo
29/09/2025
Ex-presidente se vê isolado após lobby fracassado contra o Brasil e teme destino de cadeia em meio à disputa no Congresso sobre anistia
Jair Bolsonaro entrou em desespero político. A perda de respaldo do presidente norte-americano Donald Trump acendeu o sinal vermelho no entorno do ex-chefe do Planalto, que agora culpa o próprio filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pelo fiasco de uma estratégia que foi, em última instância, sua.
Segundo revelou a colunista Monica Bergamo, Bolsonaro mandou recados a Eduardo para “calar a boca” e não atrapalhar as negociações em curso no Congresso sobre um possível abrandamento das penas dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. O projeto, no entanto, já dá sinais de naufrágio.
Desde o início, o ex-presidente tinha dois caminhos: adotar a linha de conciliação sugerida por seus advogados ou radicalizar com apoio externo, como defendiam Eduardo e o influenciador Paulo Figueiredo. Optou pelo confronto. O resultado foi o “tarifaço” de Trump contra o Brasil e até sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O plano, porém, saiu pela culatra. A ofensiva contra o próprio país minou a imagem de Bolsonaro, fortaleceu a popularidade de Lula e não dobrou o STF, que condenou o ex-presidente a 27 anos e 3 meses de prisão, sendo ao menos sete em regime fechado.
O fator Joesley
O que mais surpreendeu o bolsonarismo foi o movimento de Donald Trump em direção a Lula. O que parecia “química política” não passava de lobby empresarial. Pouco antes de se encontrar com o presidente brasileiro na ONU, Trump recebeu Joesley Batista, dono da JBS, gigante do setor de carnes.
Com 55% do faturamento nos Estados Unidos e mais de 100 mil empregos gerados em solo americano, a empresa tem peso político. Aliados alertaram Trump: endurecer tarifas contra a carne brasileira faria disparar o preço do hambúrguer e da inflação. O recado foi entendido. Para que continuar defendendo Bolsonaro, quando Lula e o lobby empresarial ofereciam mais vantagens?
Semana de risco
Enquanto isso, em Brasília, o projeto da chamada “dosimetria” patina. O STF não demonstra disposição em ceder, e o governo Lula já percebeu que não há ganho político em alimentar o debate. O Centrão, pragmático, segue contando votos.
Bolsonaro parece ter caído em si: se conseguir converter a pena em prisão domiciliar, já poderá considerar uma vitória. Para o bolsonarismo, no entanto, a próxima semana pode ser decisiva — e possivelmente desastrosa.