Tempestade solar ameaça internet em 2024. Entenda os riscos
19/07/2024
O Centro de Previsão do Clima Espacial dos Estados Unidos revisou no mês passado a previsão para um pico de tempestade solar. A nova perspectiva é que ele aconteça em 2024, e não em 2025, como previsto inicialmente. A tempestade solar pode afetar a internet por conta do impacto nas comunicações via rádio e nos satélites, segundo pesquisadores.
De acordo com especialistas, tempestade solar ocorre quando dutos de plasma no interior do sol se rompem e o plasma é ejetado no universo, um fenômeno chamado também de erupção solar. Esse evento causa efeitos nos campos magnéticos dos planetas e aí passa a ser conhecido como tempestade magnética.
Em resumo, a tempestade solar e a tempestade magnética são efeitos do mesmo processo. Quando a tempestade magnética atinge a Terra é chama de geomagnética, segundo especialistas.
De acordo com Cristiano Wrasse, pesquisador da divisão de geofísica espacial do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), um das principais consequência da tempestade solar pode ser a queda ou interrupção no sistema de comunicações de internet via rádio. Já o sistema de internet via fibra óptica está mais seguro a oscilações.
“A tempestade magnética pode ter interferência nos sinais de telecomunicação, quedas ou ruídos dos sinais de rádio. Caso a internet seja via rádio pode ser mais afetada que um usuário de fibra óptica. O que pode acontecer na internet a cabo é apresentar problemas por conta da interferência magnética na ponta de redistribuição”, afirma Wrasse.
Ele pede cautela e diz que “o mundo não vai acabar”. “O mundo vai sofrer consequências mais severas, somente se a tempestade solar estiver voltada para Terra. A internet pode acabar por consequência direta da falta de luz e ou da falha dos satélites”, acrescenta.
Não é só internet
O especialista explica que a tempestade solar também possibilita a indução de correntes elétricas ao solo, o que pode afetar outras infraestruturas, como:
Vias de transmissão de altas voltagens, atrapalhando a distribuição de energia;
Oleodutos, obstruindo a distribuição de combustíveis.
Outro ponto que pode sofrer influência da tempestade solar são os sistemas autônomos de comunicação. Nesse caso, aeroportos, minas e agricultura informatizada podem sofrer problemas, de acordo o especialista.
“O ciclo magnético do sol dura em média 11 anos e agora vamos entrar em máximo solar. Era esperado que esse máximo fosse em 2025, e segundo os estudos ele pode ser adiantado para 2024. O que pode causar impactos na terra, mas não significa que vai acontecer”, adverte Cristiano Wrasse.
Em 10 de março de 1989, por exemplo, seis milhões de habitantes de Quebec, no Canadá, passaram por um apagão após uma tempestade solar. Descargas elétricas atingiram a rede de distribuição de energia, o que causou um blackout de 12 horas, segundo a Nasa.
Alexandre Oliveira e Silva, também pesquisador da divisão de geofísica espacial do Inpe, afirma que as tempestades solares são comuns, o que chama a atenção neste caso é a dependência atual aos satélites e aos sistemas de comunicação.
“A tempestade magnética não é algo novo, acontece e é estudada há muitos anos. Só que esse é o primeiro máximo solar contando com a dependência dos satélites e dos rádios. Por isso agora estamos mais preocupados com o assunto”, indica.
De acordo com os pesquisadores, o problema da tempestade solar é justamente quando esse lançamento está apontado para a Terra. O que define a dimensão da tempestade é a localização no sol e a quantidade e velocidade de plasma expelido.
Durante a tempestade solar, o plasma leva cerca de dois dias para chegar à Terra. No nosso planeta, o plasma afeta o campo magnético, que normalmente blinda a Terra da interferência solar. Por conta da quantidade e velocidade do plasma, no entanto, o campo magnético fica mais comprimido e a atmosfera mais densa.
A maior densidade na atmosfera torna a movimentação dos satélites mais difícil e reduz a velocidade dos equipamentos, o que pode atrapalhar a vida útil ou até mesmo derrubá-los ao solo.