O homem pisou na Lua em 1969 – ou não?
12/07/2024Parte do imaginário popular há mais de 50 anos, teoria da conspiração volta à moda com missão lunar chinesa e filme sobre uma possível fraude na corrida espacial
Grandes feitos quase sempre vêm acompanhados de teorias da conspiração. E isso não é nenhuma novidade. Desde que um estrangeiro deu de cara com as pirâmides egípcias surgiu a pergunta: seria uma obra alienígena? Séculos depois, houve quem duvidasse do talento do dramaturgo William Shakespeare, afirmando que muitas de suas obras não foram escritas por ele – alguns, inclusive, dizem que o poeta sequer existiu.
Mas se existe uma teoria da conspiração que nasceu no exato momento em que um fato ocorreu, é a que envolve a chegada do homem à Lua. Quando, em 20 de julho de 1969, o astronauta Neil Armstrong pronunciou a famosa frase “Um pequeno passo para o homem e um grande salto para a humanidade”, boa parte de quem assistia a transmissão ao vivo da primeira alunissagem questionou a veracidade daquelas imagens.
Entre os principais pontos levantados pelos céticos estão a qualidade da filmagem e a impossibilidade do envio das imagens em tempo real com a tecnologia da época (estamos no final dos anos 1960). Além disso, muitos duvidam que a bandeira dos Estados Unidos hasteada na superfície lunar pudesse tremular como foi retratado – e há quem diga ser possível notar o reflexo da equipe de filmagem no vidro do capacete dos astronautas.
Outro ponto curioso envolve a participação do cineasta Stanley Kubrick, que havia lançado no ano anterior o filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”. De acordo com alguns teóricos da conspiração, o fato de o diretor ter contado com a consultoria de Frederick Ordway III, um grande especialista em naves espaciais, e da missão Apollo 11 ter chegado em terras lunares um ano após a estreia da produção, não podem ser meras coincidências.
Além disso, alguns cinéfilos afirmam que Kubrick teria espalhado pistas de seu trabalho secreto para a NASA, a agência do governo dos EUA responsável pelos programas de exploração espacial, em passagens do seu filme “O Iluminado”, de 1980.
De volta aos holofotes
Meio século depois, a chegada do homem à Lua volta aos noticiários com a divulgação da missão lunar chinesa que regressou à Terra no último 25 de maio com as primeiras amostras do outro lado da Lua – o lado escuro.
A conquista reacendeu o espírito de competitividade espacial vivido entre Estados Unidos e União Soviética durante a Guerra Fria. Na época, a URSS havia sido a primeira potência a colocar em órbita um satélite artificial (o Sputnik), um ser vivo (a cadela Laika) e um ser humano (o cosmonauta soviético Iuri Gagarin). Daí o peso da chegada à Lua para o governo norte-americano.
Essa é a premissa de “Como Vender A Lua”, comédia estrelada por Scarlett Johansson e Channing Tatum que estreia este mês nos cinemas brasileiros. A trama acompanha a publicitária Kelly Jones (Johansson), conhecida por ser capaz de vender qualquer coisa utilizando artifícios pouco convencionais – e que, por isso mesmo, é escalada pelo governo para consertar a imagem pública da NASA no fim dos anos 1960.
O problema é que além de reconquistar a credibilidade da agência, angariar fundos para a missão Apollo 11 e convencer senadores norte-americanos a apoiar a ida do homem à Lua, a marqueteira precisa lidar com as convicções do diretor do lançamento Cole Davis (Tatum), que não vê com bons olhos as artimanhas da assessora de imprensa.
A pressão só aumenta quando o presidente dos Estados Unidos, por meio do agente Moe Berkus (Woody Harrelson), instrui Jones a encenar um pouso falso na Lua como plano de contingência caso o projeto fracasse – o que promete, fora das telas, jogar mais gasolina nas teorias da conspiração envolvendo um dos momentos mais marcantes na história da humanidade.