Existe uma planta na Terra que pode conseguir sobreviver em Marte
05/07/2024Marte é um dos planetas mais explorados em nosso sistema solar, sendo o único a receber robôs da NASA com o objetivo de aprimorar a análise de campo. O quarto planeta do nosso sistema solar é, depois da Terra, o mais popular. Além disso, o sonho de colonizá-lo é alimentado quase que desde quando sua exploração começou. Mas para isso algumas coisas têm que acontecer, como por exemplo, alguma planta sobreviver em Marte.
Nesse ponto, de acordo com pesquisadores chineses, a planta Syntrichia caninervis, um musgo que cresce em locais como a Antártica e o Deserto de Mojave, nos EUA, pode sobreviver em Marte. Esse potencial foi visto porque a espécie mostrou ser resistente às condições adversas, como por exemplo seca, altos níveis de radiação e frio extremo parecido com o que é visto no Planeta Vermelho.
A descoberta desses pesquisadores foi pulicada nessa segunda-feira e, conforme eles, esse foi o primeiro estudo que investigou qual planta conseguiria sobreviver em locais que parecem com Marte.
Planta que conseguiu sobreviver em Marte
O foco dos pesquisadores foi no potencial de cultivar plantas diretamente no solo marciano, ao invés de usar estufas. “Os conhecimentos obtidos em nosso estudo lançam as bases para a colonização espacial usando plantas naturalmente adaptadas a condições extremas”, escreveram eles.
Na visão de Stuart McDaniel, especialista em musgos da Universidade da Flórida, que não participou do estudo, a ideia dos pesquisadores chineses tem potencial. “Cultivar plantas terrestres é crucial para missões espaciais de longa duração, pois elas transformam dióxido de carbono e água em oxigênio e carboidratos – elementos essenciais para a sobrevivência humana. O musgo do deserto pode não ser comestível, mas poderia desempenhar outros papéis importantes no espaço”, disse ele.
Assim como ele, Agata Zupanska, do Instituto SETI, também vê benefícios em usar o musgo. De acordo com ela, ele pode ajudar a enriquecer e transformar o solo de Marte fazendo com que seja possível que outras plantas cresçam no planeta. “Apesar de não ser saboroso e não complementar uma salada”, brincou.
Ainda conforme o estudo, o musgo do deserto não somente foi uma planta que conseguiu sobreviver em Marte, mas também se recuperou de forma rápida de uma desidratação quase completa. Além disso, ele também foi capaz de se regenerar depois de passar até cinco anos a -80°C e 30 dias a -196°C. Outro ponto a seu favor é que ele conseguiu suportar a exposição a raios gama.
Transformação do Planeta Vermelho
Para o estudo, os pesquisadores recriaram um ambiente com condições parecidas com as de Marte, como pressões, temperaturas, gases e radiação UV. Mesmo com elas, o musgo conseguiu sobreviver e se regenerar em condições normais de crescimento depois de passar sete dias sendo exposto a essas condições. E as plantas que foram desidratadas previamente tiveram um desempenho melhor.
“Estamos otimistas de que este musgo possa ser levado a Marte ou à Lua para explorar mais a fundo a possibilidade de colonização e cultivo de plantas no espaço,” afirmaram os pesquisadores.
Por mais que esses resultados tenham sido animadores, McDaniel pontua que existem limitações. “A maioria das plantas não sobrevive às tensões de viagens espaciais. Este estudo é promissor porque mostra que o musgo do deserto pode suportar curtos períodos de exposição a estresses marcianos, como radiação intensa, frio extremo e baixos níveis de oxigênio”, explicou.
Além disso, Zupanska acrescentou que o estudo não levou em conta o impacto que a radiação particulada pode ter. “Estamos próximos de cultivar plantas em estufas fora da Terra e o musgo tem um papel nisso. Porém, afirmar que o musgo pode terraformar Marte é exagerado”, concluiu.
Cultivo
Claro que saber que alguma planta é capaz de sobreviver em Marte é um grande passo para uma possível colonização do Planeta Vermelho. E como esse assunto é essencial, vários estudos sobre o tema são feitos.
Até porque a agricultura tem que ser cogitada porque levar alimentos até o planeta não é uma coisa prática. Então, cultivar alimentos in loco é o que faz mais sentido em relação à sobrevivência, como pode ser vista em alguns filmes, como, por exemplo, em “Perdido em Marte”.
Com isso em mente, várias empresas, institutos de pesquisas e universidades buscaram criar tecnologias que possibilitem o cultivo de vegetais fora da Terra. Uma dessas formas é o chamado cultivo vertical. Ele é feito sem solo, em um ambiente controlado e com fornecimento de água rica em nutrientes que vai direto para as raízes das plantas. Além disso, a temperatura, umidade e emissão de luz também são totalmente controladas. Essa forma de cultivo tem o foco em produtividade e uso mais econômico e eficiente tanto da água como de fertilizantes.
Conhecendo essa forma de cultivo, a startup Interestellar Lab criou uma tecnologia que chama de NUCLEUS (Nutritional Closed-Loop Eco-Unit System em inglês). Ela é um sistema modular de nove cápsulas que promete dar uma dieta nutritiva para quatro astronautas durante dois anos de missão.
“O foco inicial era construir um sistema regenerativo de produção de alimentos para promover a agricultura sustentável na Terra. Mas eu perguntei: ‘e se a tecnologia de que precisaremos para viver no espaço puder nos ajudar a viver de forma mais sustentável na Terra?’ Foi assim que nasceu o conceito de módulos avançados de ambiente controlado para a Terra e o espaço”, disse Barbara Belvisi, CEO da startup.
Fonte: Olhar digital, Socientifica
Imagens: Olhar digital, Socientifica